A violência política assume diferentes formas ao redor do mundo, variando conforme o contexto cultural, histórico e institucional de cada sociedade. Em algumas regiões, ela se manifesta por meio de repressão estatal e autoritarismo, enquanto em outras surge na forma de perseguição a opositores, violência eleitoral, ataques a jornalistas e repressão a movimentos sociais. Apesar dessas diferenças, um elemento comum é o impacto negativo sobre a democracia e os direitos humanos, criando um ambiente de medo e silenciamento político.
Na América Latina, a violência política frequentemente está ligada a disputas pelo poder e à fragilidade institucional. Em países como Colômbia e México, a presença do crime organizado e de grupos paramilitares intensifica a perseguição a ativistas, lideranças comunitárias e jornalistas. No Brasil, a violência política se manifesta tanto em ataques físicos a candidatos e políticos quanto na disseminação de discursos de ódio e desinformação, especialmente em períodos eleitorais. O assassinato de figuras públicas, como Marielle Franco, é um exemplo do risco que muitas lideranças enfrentam ao desafiar estruturas de poder estabelecidas.
Na Europa, onde a democracia tem bases mais consolidadas, a violência política se apresenta de forma diferente, muitas vezes por meio da ascensão de movimentos extremistas e do crescimento da intolerância ideológica. Ataques a minorias, discursos de ódio contra imigrantes e o avanço de políticas autoritárias em alguns países demonstram como a violência política pode se manifestar mesmo em sociedades consideradas estáveis. A crise dos refugiados, por exemplo, tem sido um ponto de tensão em países como Hungria e Itália, onde governos implementam políticas restritivas e alimentam narrativas xenofóbicas que resultam em perseguições e ataques.
No Oriente Médio e no Norte da África, a violência política muitas vezes se entrelaça com conflitos religiosos e rivalidades étnicas. Regimes autoritários, guerras civis e intervenções externas intensificam a repressão contra opositores e limitam a liberdade de expressão. Em países como Síria e Iêmen, a violência política se transformou em conflitos armados prolongados, afetando milhões de civis. Ao mesmo tempo, movimentos populares como a Primavera Árabe mostraram a força da resistência política, ainda que muitos desses levantes tenham sido sufocados por novas formas de autoritarismo.
Na Ásia, a violência política se manifesta tanto em regimes autoritários, como na China e na Coreia do Norte, quanto em democracias fragilizadas, como nas Filipinas e na Índia. Em alguns países, a repressão estatal contra opositores e ativistas é severa, com censura à imprensa, perseguição judicial e detenções arbitrárias. Em contextos democráticos, a violência pode surgir através do sectarismo religioso e da polarização política, criando ambientes hostis para dissidências e para a participação política de minorias.
A África apresenta um quadro diversificado, com países que enfrentam desafios ligados a golpes militares, conflitos étnicos e disputas pelo controle de recursos naturais. Em nações como Sudão e República Democrática do Congo, a violência política está diretamente ligada à instabilidade governamental e à competição por poder entre diferentes grupos armados. No entanto, há também exemplos de resistência democrática, como os protestos populares que levaram à queda de regimes autoritários em países como Tunísia e Burkina Faso.
Essas diferenças demonstram que a violência política não tem uma única origem, mas é moldada por fatores culturais, históricos e econômicos de cada sociedade. No entanto, independentemente do contexto, seu impacto é devastador para a democracia e para os direitos humanos. O combate a essa violência exige estratégias adaptadas a cada realidade, desde o fortalecimento de instituições democráticas até a proteção de ativistas e a promoção da educação política. O estudo comparativo dessas manifestações permite compreender melhor os desafios globais e buscar soluções mais eficazes para garantir sociedades mais justas e seguras.